O machismo é um problema que, infelizmente, ainda está enraizado na sociedade e causa uma série de efeitos, principalmente para o psicológico das mulheres. Para aquelas que gostam de viajar, o machismo pode ser desencorajador.
Não é nenhuma novidade que o machismo existe e que devemos combatê-lo. Porém é importante entender como funciona essa estrutura social e as suas influências, notadamente na vida das mulheres viajantes, assim como maneiras de fazer a diferença no seu cotidiano.
O que é machismo?
O termo “machismo”, segundo versões mais recentes do dicionário é: “Ideologia da supremacia do macho que nega a igualdade de direitos para homens e mulheres.” e “Orgulho masculino em excesso; virilidade agressiva”.
Nos dias de hoje, esse termo é muito usado para nomear uma ação opressora, seja por meio de opiniões ou atitudes, que favorecem o gênero masculino relação ao feminino. Muitas vezes também negando ou inferiorizando o papel das mulheres na sociedade.
O machismo deriva de uma origem histórica patriarcal e está presente na sociedade desde muito antes do que imaginamos. Historicamente, era responsabilidade dos homens sair de casa e conseguir o sustendo da família enquanto as mulheres deveriam ficar em casa e cuidar do lar e dos filhos, tanto que era considerado mais vantajoso ter filhos do que filhas.
Essa organização social só começou a mudar a partir da Segunda Guerra Mundial, quando os homens iam para a guerra, o que contribuía para a escassez da mão de obra nas fábricas. O problema foi resolvido com a contratação de mulheres.
Porém, esse processo de mudança ainda é lento e até hoje podemos perceber vários aspectos bastante machistas na sociedade. São comentários de que “lugar de mulher é na cozinha”; posições de liderança preenchidas majoritariamente por homens; salários desiguais; taxas de estupros e feminicídios elevadas, entre vários outros reflexos dessa estrutura.
Além dos prejuízos óbvios, como o direito a cidade ou os de ordem financeira, as mulheres também sofrem com diversas consequências psicológicas do machismo.
Isso porque, além de se sentirem inferiores também sofrem com a dificuldade de expressar suas ideias, não acreditam no seu potencial, têm medo de ficarem e saírem sozinhas e tendem a sofrer com uma série de problemas, como estresse, depressão, ansiedade e crises de pânico, por exemplo.
Machismo e o medo de viajar
Uma das consequências que o machismo traz para o psicológico das mulheres é justamente o medo de viajarem sozinhas. Esse medo decorrente do machismo pode ser observado em alguns reflexos, mas se expressa principalmente no medo de ser julgada e no temor pela sua segurança.
Desde crianças nossas mães, avós, tias e amigas nos ensinaram a como se comportar e que devemos sempre cuidar da nossa aparência, afinal terá sempre alguém de olho e temos que passar uma boa impressão. Essa questão não é culpa delas, afinal essa ideologia é passada de geração em geração, como citamos no começo do texto. É uma estrutura social que está impregnada em todos os setores e aspectos da vida de todos.
Como consequência disso, as mulheres são julgadas quando estão sozinhas ou mesmo quando apresentam atitudes não ‘adequadas’ para o seu papel como mulher. Por exemplo, uma mulher bebendo cerveja sozinha, andando sozinha pela rua, sendo mãe solteira, optando por seguir carreira ao invés de constituir família e até mesmo viajando sozinha, ainda gera comentários e atitudes machistas.
Os dilemas ao viajar sozinha
Viajando sozinha, independentemente do destino, os comentários são inevitáveis. Muitas vezes essas indiretas podem acabar desmotivando a viagem ou fazendo a mulher acreditar que não vai ser capaz de chegar e aproveitar o seu destino por conta própria e com tranquilidade.
Já em relação à segurança, o problema em questão não está restrito apenas às viagens. Ao andar na rua, as mulheres sofrem diariamente diversas formas de assédio, sejam comentários em relação à sua aparência ou as roupas que estão usando, sejam atitudes mais afrontosas e diretas de passar a mão ou mesmo de estupro.
Nenhuma mulher está segura. Então, quando o assunto é viajar sozinha é natural pensar que essa insegurança aumenta. Isso porque você sai do ambiente que conhece e frequenta diariamente para entrar em contato com nossos lugares, pessoas e culturas.
Por isso, ao viajar sozinha os problemas mais comuns enfrentados pelas mulheres são:
- serem seguidas por desconhecidos;
- hotéis e outras hospedagens que não respeitam sua privacidade;
- valores a mais cobrados por motoristas;
- investidas sexuais;
- entre outras atitudes que visam se aproveitar da suposta “fragilidade” do sexo feminino.
Todos esses medos são frutos de uma cultura machista.
É importante combater o medo e viajar sozinha
Viajar sozinha, nos dias de hoje, ainda é visto como um ato de coragem e resistência.
É muito importante não se deixar vencer por esses medos e sair atrás da realização dos seus sonhos, independentemente do destino.
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que você não está sozinha. Diversas mulheres têm esse medo e mesmo assim optam por sair pelo mundo a fora. Aqui tem uma lista de mulheres para você se inspirar!
Inclusive você muito provavelmente vai encontrar com alguma durante a sua viagem e podem aproveitar para turistar juntas! Ou mesmo mulheres no seu destino que vão te apoiar caso alguma coisa aconteça. Na sisterwave é possível conhecer mulheres que compartilham o mesmo medo que você e que estão viajando por aí 🙂
Além disso, outro ponto que deve sempre lembrar é de ter consigo algumas formas de se defender. Por exemplo, você pode andar com um apito, esconder documentos importantes ou até fazer aulas de defesa pessoal. É crucial estar sempre atenta aos seus arredores.
Também é preciso não ter medo de se impor e falar com os superiores ou mesmo de ir até a polícia. Lembre-se sempre que a sua segurança e bem-estar devem vir primeiro!
Por último, é preciso também procurar formas de combater esse machismo, na sociedade e nas suas próprias atitudes.
Dicas para combater essa prática
Combater o machismo na sociedade atual definitivamente não é uma tarefa fácil. Porém algumas atitudes podem fazer toda a diferença e inclusive incentivar as pessoas ao seu redor a fazerem o mesmo.
Primeiramente, você não pode se envergonhar de ser mulher, afinal não tem nada de errado nisso! Você pode ser mulher e gostar de cuidar do lar, querer trabalhar e viajar sozinha e isso não te faz inferior. Pelo contrário, você é forte por superar diariamente todos os desafios que aparecem justamente por ser mulher.
Segundo, não pode se envergonhar também de pedir ajuda e apoiar as outras mulheres ao seu redor. Como dizem : “juntas somos mais fortes!”. Incentive-as também a serem independentes!
Respeite as mulheres ao seu redor e pensa bem antes de fazer comentários que possam colocar em dúvida a capacidade física, emocional e intelectual delas. Comentários sobre vestimentas e aparência também não são bem-vindos, nem na sua boca nem dos homens ao seu redor!
Na hora de xingar alguém pense primeiro se realmente é necessário e se não tem alguma forma de corrigir de uma maneira mais segura. Mas não tenha medo de se impor, de falar sobre os problemas do machismo e de educar as pessoas ao seu redor a respeito da importância da igualdade de gênero.
Além disso, em relação aos filhos, procure ensiná-los desde cedo sobre respeito e sobre suas responsabilidades com as tarefas do lar, por exemplo.
E por fim, não deixe que o machismo te proíba de ser feliz e realizar os seus sonhos. Saiba que o mundo está aí para ser desbravado e que você pode ser e fazer o que quiser!
Por isso, lembre-se da Sisterwave, a gente nasceu pra te ajudar nessa missão! Estamos juntas 🙂